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AUSÊNCIAS

 Após a partida de quem ocupou um grande e especial espaço em nossas vidas fica um vazio com a forma de quem nele esteve. Passamos a conviver com uma ausência, perturbadoramente, presente. Nossa mente se pega, por vezes, conversando com alguém já ido como se ele fosse nos responder e interagir conosco. Passou a ser como aquele amigo invisível da infância. Com o tempo forma-se uma cicatriz  dentro de nosso coração com  o contorno de uma figura e no seu interior o que chamo de zona cinzenta, porque para mim cinza é a ausência de vida e de alegria. Cinza é  monotônia! É interessante relacionar-se com ausências e seus fantasmas sem nostalgia, mas, um vazio pleno de sentimentos  que o tempo vai anestesiando e colocando no modo de adormecimento. Ausências também são seres autônomos dentro de nós, com os quais aprendemos a conviver, pacificamente, ao longo da jornada. Analisando minha trajetória , observo que minha coleção de ausências está aumentando e daqui a pouco s...

PANDEMÔNIO

 Tenho estado meio desanimada para escrever e/ou digitar. São tantos absurdos ocorrendo no mundo, e no Brasil em particular, que tenho preferido me confinar no YouTube ouvindo velhas músicas, indo algumas vezes para a Netflix e Amazon Prime. As notícias não são promissoras e observo, repetidamente, o uso da violência em todos os setores da vida, desde abordagens policiais até voos domésticos.  As pessoas parecem compelidas a exacerbarem seus lados mais sinistros e cruéis,  arvorando-se a juízes e executores das sentenças que proferem. É uma demência coletiva, uma insensibilidade para entenderem que somos igualmente humanos, que temos direito à dignidade e à privacidade. Pessoas estão invasivas ao extremo, sem  noção de limites e impelidas pela necessidade egóica de tornarem-se celebridades nas redes sociais. Qual o ganho pessoal em ter milhões de seguidores? Em ser um "Influencer"? Tudo muito raso e efêmero. Saia das mídias,afaste-se dos grupos que formam bolhas onde...

PENÉLOPES

  18 de out. de 2021 Na Odisséia de Homero, enquanto Ulisses guerreou e enfrentou dificuldades para voltar ao lar, Penélope teceu indefinidamente uma mortalha, esperando por seu amado.  Hoje a Penélope moderna não senta e tece, tira sua espada e armadura do armário e parte para suas próprias guerras. É cada leão que a gente tem de enfrentar  todos os dias! Se fossemos esperar por um Ulisses já teríamos virado lanchinho de algum grande felino. Espero que os atuais Ulisses e Penélope se encontrem em algum momento pelo caminho. Vida moderna!

ELEMENTOS

Deixa o Espírito do Ar te levar para longe, no sopro do vento. Deixa o Espírito da Água te arrastar pelo solo e te deitar nas profundezas da Terra. Deixa o Espírito da Terra te acolher em seu ventre materno. Deixa o Espírito do Fogo te transmutar para o infinito, como a cinza que o Espírito do Ar leva para longe, no sopro do vento. Escrito em algum mês de 2020.

EM BUSCA DE UMA NORÍCIA BOA

 Na verdade este texto poderia ter o título PROCURANDO UM ASTEROIDE PARA CHAMAR DE MEU. Deixei minhas contas do Instagram e Linkedin em hibernação. Não sei se voltarei um dia ou as matarei congeladas. Permaneci na conta do Facebook por causa de uma contribuição que faço a um abrigo de 500 cães através daquela rede.  Mas, tenho entrado só em páginas de poesia e literatura. Estou de férias da geopolítica porque  Brasil e o mundo apresentam-se em uma fase lamentável ( mais uma, dentre tantas!). No YouTube assisto, atualmente, a documentários e vídeos de música. É a música que me salva! E, sempre  havemos a Netflix, Amazon Prime, Disney Chanel.  Precisei me afastar do mundo para garantir minha sanidade. Parece que vivemos uma realidade ao avesso, com valores éticos distorcidos e banalização da violência.  Somos uma espécie bélica e  autodestrutiva. Não conseguimos aprender com os erros passados.  Estamos vivendo a era da exacerbação dos egos dotados d...

O ÚLTIMO VOO

 Há alguns dias eu arrumava os cabelos em frente ao espelho do banheiro quando ouvi o zumbido de uma abelha voando em círculos em torno de meu corpo, como se quisesse me dizer, insisistentemente, algo que não consegui entender. No primeiro momento me assustei e tentei afastá-la com uma das mãos, mas, ela voltava em sua dança muito bem coreografada. De repente, foi embora, mas, poucos minutos depois, voltou repetindo o  mesmo ritual, até que o zumbido cessou e a vi caminhando no chão do banheiro, chegando à frente dos meus pés, parando, caindo de lado e ali permanecendo imóvel. Ela escolheu, ou foi enviada de alguma forma,  vir compartilhar comigo seus últimos instantes de vida e fazer sua passagem junto a mim.  Tenho uma ligação inusitada com o que chamo de Anjo da Morte. É como se ele me escolhesse para lhe assistir em seu trabalho.  Já tive que presenciar e apoiar vários animais em seus momentos de passagem, desde os meus domésticos , alguns  pertencentes...

OCEANOS

 Foi leve demais! Foi lúdico demais! Foi prazeroso demais! Foi intenso demais! "Ojas é a pura essência da Kapha dosha e do elemento água em particular." Tinha que ser água! Só poderia ser água! Água em abundância! Água em profundidade! Água que me foi vida e que passou levando consigo minhas defesas, meus arranjos e uma parte da minha essência...que também é água. Está explicado. Nada é por acaso. Tudo em nós foi água. Tão poderosa, extensa e profunda como todos os oceanos do planeta. Porque todos são a supremacia da água, indo e vindo para o mesmo lugar, abrigando vidas, esculpindo as bordas dos Continentes. Você e eu fomos águas que vão e voltam com as ondas. Fomos o encontro de dois oceanos que tocaram-se, mas, que não puderam unir-se.